Eleições gerais na Espanha em 2004
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As eleições gerais na Espanha em 2004 foram realizadas no domingo, 14 de março de 2004, para eleger as 8.ª Cortes Gerais do Reino da Espanha. Todas as 350 cadeiras no Congresso dos Deputados foram eleitas, assim como 208 das 259 cadeiras no Senado.
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350 lugares do Congresso dos Deputados 176 assentos necessários para maioria | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Comparecimento | 75.66 6.95 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Lista com partidos que ganharam assentos. Confira o resultado abaixo.
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Depois de uma legislatura marcada, em particular, pela participação da Espanha na guerra do Iraque, o Presidente do Governo José María Aznar, no poder desde 1996, respeitou o seu compromisso de não se candidatar a um terceiro mandato. O Partido Popular (PP), que ele preside, nomeou Mariano Rajoy, Ministro da Presidência, como seu sucessor. Seu oponente de maior destaque é o secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), José Luis Rodríguez Zapatero, eleito para este cargo em 2000, com uma estreita liderança sobre o candidato do Partido Socialista, José Bono.
O resultado eleitoral foi fortemente influenciado pelas consequências dos atentados de 11 de março de 2004 em Madrid, que acarretaram na suspensão das campanhas eleitorais por parte de todos os partidos.[1] Durante os dois dias seguintes aos ataques, o governo do Partido Popular (PP) culpou reiteradamente a organização terrorista ETA pelos atentados, apesar das evidências crescentes sugerirem o envolvimento de grupos islâmicos. O governo foi acusado de desinformação, já que um ataque islâmico teria sido percebido como resultado direto do envolvimento da Espanha na Guerra do Iraque, que foi altamente impopular entre o público.[2][3]
O resultado da eleição foi descrito por alguns meios de comunicação como uma "reviravolta eleitoral sem precedentes". O abuso percebido da maioria absoluta do PP durante toda a legislatura, com foco no envolvimento da Espanha no Iraque, teria ajudado a alimentar uma onda de descontentamento contra o partido governante em exercício, com a má gestão do governo sobre os atentados servindo como catalisador final para a sua derrota.[4][5] Com 11 milhões de votos (42,6%), o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) teve 3,1 milhões a mais do que o resultado das eleições de 2000, garantindo 164 assentos no parlamento - um ganho líquido de 39. Em contraste, o PP, que as pesquisas de opinião previram no início daquele ano uma vitória pequena, mas ainda mantendo-se na liderança, perdeu 35 cadeiras e 7 pontos percentuais, resultando na pior derrota para um governo em exercício na Espanha até então, desde a eleição de 1982. A participação de 75,7% do eleitorado foi uma das mais altas desde a transição espanhola para a democracia, sem que as futuras eleições gerais tenham superado tal número. O número de votos válidos, de 26,1 milhões de votos, continua sendo o valor mais alto em termos brutos para qualquer eleição geral espanhola até as eleições gerais na Espanha em abril de 2019.[6][7]
No dia seguinte à eleição, o líder do PSOE, José Luis Rodríguez Zapatero, anunciou sua vontade de formar um governo minoritário do PSOE, apoiado por outros partidos em regime de confiança. Dois partidos menores de esquerda, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e a Esquerda Unida (IU), anunciaram imediatamente sua intenção de apoiar um governo de Zapatero. Em 16 de abril de 2004, Zapatero foi eleito como novo primeiro-ministro por uma maioria absoluta no novo Congresso, com 183 dos 350 membros votando nele, sendo empossado no dia seguinte.[8]