Operação Puerto
operação contra o dopagem no desporto de elite realizada na Espanha / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A Operação Puerto (OP)[1] é uma operação contra o dopagem no desporto de elite realizada na Espanha. Este processo permitiu desarticular uma rede de dopagem liderada pelo doutor Eufemiano Fuentes; dita rede oferecia diversas práticas ilícitas para melhorar o rendimento dos seus clientes desportistas: hormonas (incluindo EPO, testosterona e outros anabolizantes), medicamentos e transfusões sanguíneas.
As investigações da Guarda Civil começaram em fevereiro de 2006 e desembocaram em detenções e registos a 23 de maio, data em que se conheceu a existência de dita operação. Anunciou-se então que entre os clientes da rede de dopagem desarticulada tinha futebolistas, tenistas, ciclistas e atletas. No entanto, no sumário do caso o instituto armado só identificou 58 ciclistas como clientes da rede. A investigação viu-se lastrada ao não permitir o juiz Serrano aos pesquisadores que se analisasse toda a documentação apreendida.
Ao não ser a dopagem um delito nesse momento em Espanha, o juiz só estudou um possível delito contra a saúde pública, que só incriminaria aos responsáveis pela rede, não ao seus clientes (os desportistas). O juiz, ao não achar dito delito, arquivou o caso, ficando absolvidos todos os imputados. A Audiência Provincial de Madrid ordenou em duas ocasiões a reabertura do caso, ordenando-se a abertura de julgamento verbal.
Ademais, o juiz Serrano negou-se a facilitar aos organismos desportivos internacionais (AMA e UCI) as provas obtidas durante a investigação, o que impediu que os desportistas identificados como clientes da rede de dopagem recebessem sanções desportivas.
Ante a negativa das autoridades espanholas a continuar com as investigações ou a facilitar a outros organismos dados para que os clientes pudessem ser sancionados, países como a Alemanha e Itália iniciaram as suas próprias investigações sobre o caso. As investigações realizadas por esses países têm permitido, por enquanto, a confirmação (e conseguente sanção) de seis clientes desportistas, todos eles (salvo um) já identificados pela Guarda Civil.
Nos primeiros meses de 2013 teve lugar finalmente o julgamento verbal e a sua posterior sentença: o doutor Fuentes e o seu colaborador José Ignacio Labarta foram condenados, ainda que com penas leves, e o resto de arguidos foram absolvidos. Finalmente, a 10 de junho de 2016, a Audiência Provincial de Madrid, ditou Sentença firme pela qual se absolvia aos imputados de todos os delitos pelos que se lhes julgava. Os juízes consideraram que a conduta em julgamento é conforme à Lei Espanhola, isto é, que não realizaram nenhuma atividade ilegal segundo a lei.[2]
Na Operação Puerto foram julgadas cinco pessoas -Eufemiano Fuentes, José Ignacio Labarta, Manolo Saiz, Vicente Belda e Yolanda Fuentes- e todas resultaram absolvidas, pelo que não se entende que o então instrutor do atestado, o tenente da Guarda Civil, Enrique Gómez Bastida, que depois foi promovido a Comandante e posteriormente nomeado Director da Agência Espanhola Antidopagem,[3] abrisse um atestado contra uma conduta que, conforme à Lei Espanhola, não era delito.[4] Os únicos sancionados desportivamente foram Jan Ullrich, Ivan Basso, Alejandro Valverde, Jörg Jaksche, Michele Scarponi e Giampaolo Caruso só por suspeitas ou confissões já que as provas, principalmente as carteiras de sangue, não se entregaram até 2016 depois de se opinar a sentença final quando o possível delito desportivo já tinha prescrito.[5][6]
Teria que se perguntar de onde obteve o Tenente Gómez Bastida os fundos necessários para manter uma investigação policial sobre uma atividade que, conforme à Lei Espanhola vigente, era lícita e legal e, ademais, contratada nos anos 80 pelo Governo da Espanha para melhorar os resultados desportivos dos atletas espanhóis de elite, tal e como publicou "El Pais" em sua edição de 14 de fevereiro de 1985[7]