Kit Covid
defesa negacionista do uso de medicamentos sem eficácia contra a COVID-19 pelo governo Bolsonaro / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
O kit Covid, frequentemente referido como tratamento precoce,[1] é uma designação utilizada para descrever a abordagem negacionista[2][3][4] promovida pelo governo liderado por Jair Bolsonaro[5][6][7] e seus apoiadores[8][9] no que diz respeito ao uso de medicamentos que não possuem eficácia comprovada no tratamento da COVID-19.[10][11][12][13][14] Este enfoque inclui a defesa do uso de medicamentos como cloroquina,[15][16] hidroxicloroquina,[15][16] ivermectina,[15][16] azitromicina,[15][17] bromexina,[18] nitazoxanida,[19] anticoagulantes[20] e suplementos de zinco.[21][22]
No início da pandemia, especificamente em março de 2020, a cloroquina surgiu como um possível tratamento para a doença com base em dois estudos de qualidade questionável.[23] Notavelmente, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, endossou um desses estudos, desafiando assim as recomendações da Food and Drug Administration (FDA), o que levou a politização da questão.[23] No Brasil, o então presidente Jair Bolsonaro rapidamente adotou esse discurso.[24][25] Nos meses subsequentes, o governo brasileiro tomou medidas para promover a cloroquina e a hidroxicloroquina como tratamentos para a COVID-19. Isso incluiu a ordenação da produção,[25][26][27][28] coordenação da distribuição[29] e um gasto considerável de aproximadamente 90 milhões de reais na aquisição desses medicamentos.[30] Além disso, o Ministério da Saúde, sob a liderança de Eduardo Pazuello, ampliou o uso dessas substâncias para tratar casos leves da doença.[31][32][33]
O kit Covid gerou entre a população uma falsa sensação de segurança, sugerindo que a vida poderia retornar ao seu estado anterior, sem a necessidade de medidas de isolamento social.[34] No entanto, essa abordagem resultou no aumento do número de infecções, hospitalizações e mortes.[35][36][37] Além disso, o uso generalizado desses medicamentos, juntamente com seus potenciais efeitos colaterais, causou danos significativos aos rins e ao fígado de seus usuários.[38] Essa abordagem foi amplamente criticada por organizações e especialistas em saúde devido à falta de embasamento científico e à potencial periculosidade associada ao seu uso.[39][40][41] Não obstante, tornou-se objeto de ações judiciais e investigações relacionadas a possíveis favorecimentos envolvendo agentes públicos e privados em busca de ganhos financeiros.[42][43]