Campo de Concentração do Tarrafal
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O Campo de Concentração do Tarrafal, também designado Campo da Morte Lenta, é um campo de concentração situado na aldeia de Chão Bom, no Concelho de Tarrafal, na ilha de Santiago em Cabo Verde.
Campo de Concentração do Tarrafal | |
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Interior do Campo de Concentração do Tarrafal | |
Localização | Cabo Verde, Ilha de Santiago, Chão Bom |
Tipo | Campo de Concentração |
Administração | PVDE, PIDE[1] |
Inauguração | 23 de abril de 1936 |
Fechamento | 1 de maio de 1974 |
Situação | Transformado no «Museu da Resistência» |
Foi estabelecido em 1936, durante um processo de reorganização do sistema prisional do Estado Novo, com o objetivo de encarcerar presos políticos e sociais. A localização foi escolhida de forma estratégica, tanto por ser perfeita para que os testemunhos não viessem a público, tanto por ter um clima insalubre, com pouca água potável, e muitos mosquitos em épocas chuvosas, que facilitavam o aparecimento de doenças. O seu principal objetivo era aniquilar física e psicologicamente os opositores portugueses e africanos à ditadura Salazarista, isolando-os do resto mundo em condições subhumanas de cativeiro, maus tratos e insalubridade.
A sua primeira fase, de 1936 a 1954, era destinada a opositores portugueses. Em 29 de outubro de 1936, chegaram de Lisboa os primeiros 157 detidos antifascistas, alguns deles participantes da Revolta dos Marinheiros de 1936. Nos primeiros dois anos, quando a única habitação dos reclusos eram tendas de lona, estes eram forçados a trabalhar 45 dias a temperaturas elevadíssimas para construir o muro do campo e outras infraestruturas. Quando começaram a aparecer as primeiras doenças, o único médico presente não tinha medicamentos para tratar os pacientes, portanto limitava-se a passar certidões de óbito. Dos 340 antifascistas portugueses que passaram pelo campo, morreram 34, tendo assim uma taxa de mortalidade de 10%.[2] As vítimas mais ilustres são Bento Gonçalves, então dirigente do Partido Comunista Português, e Mário Castelhano, então líder da Confederação Geral do Trabalho.[2] A "Frigideira", também chamada pelos presos de "câmara de eliminação" ou "câmara das torturas", era um local de punição onde os presos eram torturados, sendo privados de comida, luz, e sobre temperaturas entre os 50 a 60 graus. A "Frigideira" foi responsável pela morte de 30 presos, e o adoecimento de dezenas de outros. O atual museu da resistência contabiliza 2824 dias passados na "Frigideira".
Na segunda fase, que reabre o campo a 14 de abril de 1961, passou a deter militantes da guerra de libertação nacional da guerra colonial portuguesa de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde. Passaram pelo Tarrafal 106 angolanos, 100 guineenses e 20 cabo-verdianos. Substituindo a "Frigideira", abre-se a "Holandinha", de objetivo praticamente igual, sendo "um pouco mais alta que um homem em pé, pouco mais comprida que um homem deitado, pouco mais larga que um homem sentado, com uma pequena janela gradeada" e "um autêntico forno". Morreu neste campo um preso político angolano e dois guineenses.
Na sequência da revolução de 25 de abril de 1974, e com o fim da ditadura do Estado Novo, o campo é encerrado uma semana depois. Em 2009 foi transformado no Museu da Resistência, e atualmente decorre um projeto com o objetivo de concorrer à Lista do Património Mundial da UNESCO. Em 14 de agosto de 2016, o governo de Cabo Verde reconheceu o Campo de Concentração do Tarrafal de Santiago e as suas dependências como Património Nacional da República de Cabo Verde.[3] Em homenagem à luta e à resistência antifascista em Cabo Verde, 29 de outubro foi consagrado como "Dia da Resistência Antifascista".[3]